este texto é retirado dum blogue muito bem escrito e documentado sobre a maravilhosa música dos anos 80..... e além disso tem muita piada.
...Bem me dizia o V, nos pátios da N.3, que Nikita era nome de homem e que aquilo era para gozar com os camaradas, talvez fosse mas conhecendo agora o perfil do amigo Elton... bom, explica muita coisa.
leiam o texto e depois vejam o video...
"ELTON JOHN - Nikita" em dear80s.blogspot.com
" Há muitas formas de "bater o coro" (em brasileiro "dar uma cantada") a uma miúda, umas mais engenhosas e eficazes do que outras. Mas nenhuma se equipara, na dificuldade e no risco que constitui para a própria vida, à situação que Elton John vive no teledisco de Nikita. Como se já não bastasse ser obrigado a conquistar uma mulher (apesar de "Nikita" ser um nome masculino em russo, facto que o tio Elton deve ter apreciado), teve de o fazer em plena guerra fria, na fronteira do Muro de Berlim, numa altura em que, para o mundo capitalista ocidental o leste era assim uma espécie de terra obscura e distante onde, dizia-nos Ronald Reagan, o demónio habitava. Para além disso, Elton John, corre risco de vida. É que, pôr-se a tirar fotografias a uma militar da RDA através do arame farpado, em 1985, era o equivalente a tentar embarcar actualmente num avião da American Airlines com um autocolante na lapela a dizer "In Bin Laden we trust".
Elton John conquista esta Nikita, apesar daquele chapéu horrível, apesar daquela roupa assustadora, apesar daquele cabelo à "toni da mercearia". Deve ter sido pela conversa, que, aliás, é mesma do costume. Quem nunca começou por um "Pois é... está um frio do catano, miúda..." para passar logo em seguida para um "Por falar nisso, tens uns olhos lindos...". Em Nikta, é mais ou menos a mesma coisa. A primeira frase da canção é "Hey, Nikita, is it cold / In you little corner of the world?" para, mais adiante, se fixar nos olhos da catraia: "With eyes that looked like ice on fire". É claro que assim, qualquer Elton John conquista qualquer Nikita reprimida.
Para além do nome, há indícios de que Elton John deve ter exigido ao realizador Ken Russell um comportamento mais ... masculino por parte desta Nikita. Ora, repare-se no momento em que Elton mostra pela primeira vez o passaporte à rapariga e do gesto dela com a mão, como se acariciasse a barba que não tem, mas que Elton gostaria certamente que tivesse. Ainda no âmbito duma certa masculinidade emergente em Nikita, podemos observar o próprio olhar da rapariga e a forma como vira a cabeça, acompanhando o movimento do Roll Royce. Para mim não está muito longe daquela postura do macho latino-americano que vê um naco de gaja passar por ele e não resiste a um exame visual de cima a baixo, acompanhado do respectivo comentário metafísico do tipo "Fazia-te um pijaminha de saliva que era uma categoria!".
Penso que o ponto decisivo desta conquista é a cena em que ele desenha um coração vermelho na neve. Aí vemos pela primeira vez o sorriso de Nikita. E quando uma mulher sorri, diria Lili Caneças, é sinal que está bem disposta. Quando as coisas parecem bem encaminhadas, na segunda passagem pela fronteira, acontece o imprevisto. Nikita é toda ela sorrisinhos e expresões faciais de alguma demência, mas o seu superior hierárquico não acha piada nenhuma à situação, e, talvez encorajado pelo casaco vergonhoso de Elton John, que exibe umas estrelas muito americanóides, decide actuar. Alto lá e pára o baile. Põe-se a observar a foto do passaporte e conclui que, mal por mal, o outro chapéu sempre era mais fofinho, com a tirita vermelha a condizer com o Rolls Royce. "Daqui não passas", sugere o movimento com a cabeça. Quanto à forma como Elton John diz adeus ao guarda, bem, penso que diz tudo sobre quem quereria ele na verdade conquistar. Ainda hoje, pensará Nikita que foi usada para um outro objectivo?
Deixemo-nos de considerações maléficas. O que é certo é que eles não ficaram juntos. As cenas de felicidade entre os dois, na discoteca, no campo de futebol, a jogar zadrez, no bowling (sempre admirei aquele efeito especial em que Nikita sai de dentro do Elton John), em que podemos observar pela primeira vez o cabelo "very eighties" da rapariga, fazem parte de um sonho que Elton John está a ter. Nada é real. Ainda hoje sofro com isto. O amor venceu, como é possível não terem ficado juntos? Oh, mundo cruel...
PS - George Michael deu uma perninha (ou talvez mais alguma coisa) nos coros e Nik Kershaw contribui com a sua guitarra, mas nem um nem outro têm direito a entrar no teledisco. Os putos que estavam na berra não podiam ofuscar o nome de Sir Elton... "
...Bem me dizia o V, nos pátios da N.3, que Nikita era nome de homem e que aquilo era para gozar com os camaradas, talvez fosse mas conhecendo agora o perfil do amigo Elton... bom, explica muita coisa.
leiam o texto e depois vejam o video...
"ELTON JOHN - Nikita" em dear80s.blogspot.com
" Há muitas formas de "bater o coro" (em brasileiro "dar uma cantada") a uma miúda, umas mais engenhosas e eficazes do que outras. Mas nenhuma se equipara, na dificuldade e no risco que constitui para a própria vida, à situação que Elton John vive no teledisco de Nikita. Como se já não bastasse ser obrigado a conquistar uma mulher (apesar de "Nikita" ser um nome masculino em russo, facto que o tio Elton deve ter apreciado), teve de o fazer em plena guerra fria, na fronteira do Muro de Berlim, numa altura em que, para o mundo capitalista ocidental o leste era assim uma espécie de terra obscura e distante onde, dizia-nos Ronald Reagan, o demónio habitava. Para além disso, Elton John, corre risco de vida. É que, pôr-se a tirar fotografias a uma militar da RDA através do arame farpado, em 1985, era o equivalente a tentar embarcar actualmente num avião da American Airlines com um autocolante na lapela a dizer "In Bin Laden we trust".
Elton John conquista esta Nikita, apesar daquele chapéu horrível, apesar daquela roupa assustadora, apesar daquele cabelo à "toni da mercearia". Deve ter sido pela conversa, que, aliás, é mesma do costume. Quem nunca começou por um "Pois é... está um frio do catano, miúda..." para passar logo em seguida para um "Por falar nisso, tens uns olhos lindos...". Em Nikta, é mais ou menos a mesma coisa. A primeira frase da canção é "Hey, Nikita, is it cold / In you little corner of the world?" para, mais adiante, se fixar nos olhos da catraia: "With eyes that looked like ice on fire". É claro que assim, qualquer Elton John conquista qualquer Nikita reprimida.
Para além do nome, há indícios de que Elton John deve ter exigido ao realizador Ken Russell um comportamento mais ... masculino por parte desta Nikita. Ora, repare-se no momento em que Elton mostra pela primeira vez o passaporte à rapariga e do gesto dela com a mão, como se acariciasse a barba que não tem, mas que Elton gostaria certamente que tivesse. Ainda no âmbito duma certa masculinidade emergente em Nikita, podemos observar o próprio olhar da rapariga e a forma como vira a cabeça, acompanhando o movimento do Roll Royce. Para mim não está muito longe daquela postura do macho latino-americano que vê um naco de gaja passar por ele e não resiste a um exame visual de cima a baixo, acompanhado do respectivo comentário metafísico do tipo "Fazia-te um pijaminha de saliva que era uma categoria!".
Penso que o ponto decisivo desta conquista é a cena em que ele desenha um coração vermelho na neve. Aí vemos pela primeira vez o sorriso de Nikita. E quando uma mulher sorri, diria Lili Caneças, é sinal que está bem disposta. Quando as coisas parecem bem encaminhadas, na segunda passagem pela fronteira, acontece o imprevisto. Nikita é toda ela sorrisinhos e expresões faciais de alguma demência, mas o seu superior hierárquico não acha piada nenhuma à situação, e, talvez encorajado pelo casaco vergonhoso de Elton John, que exibe umas estrelas muito americanóides, decide actuar. Alto lá e pára o baile. Põe-se a observar a foto do passaporte e conclui que, mal por mal, o outro chapéu sempre era mais fofinho, com a tirita vermelha a condizer com o Rolls Royce. "Daqui não passas", sugere o movimento com a cabeça. Quanto à forma como Elton John diz adeus ao guarda, bem, penso que diz tudo sobre quem quereria ele na verdade conquistar. Ainda hoje, pensará Nikita que foi usada para um outro objectivo?
Deixemo-nos de considerações maléficas. O que é certo é que eles não ficaram juntos. As cenas de felicidade entre os dois, na discoteca, no campo de futebol, a jogar zadrez, no bowling (sempre admirei aquele efeito especial em que Nikita sai de dentro do Elton John), em que podemos observar pela primeira vez o cabelo "very eighties" da rapariga, fazem parte de um sonho que Elton John está a ter. Nada é real. Ainda hoje sofro com isto. O amor venceu, como é possível não terem ficado juntos? Oh, mundo cruel...
PS - George Michael deu uma perninha (ou talvez mais alguma coisa) nos coros e Nik Kershaw contribui com a sua guitarra, mas nem um nem outro têm direito a entrar no teledisco. Os putos que estavam na berra não podiam ofuscar o nome de Sir Elton... "
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