Ontem, hoje e amanhã...


Economia regista crescimento mais baixo desde a recessão de 2003

Indicadores de Maio revelam desaceleração em toda a linha e antecipam dificuldades na segunda metade deste ano.

A economia portuguesa está a perder força este ano, numa tendência que deverá manter-se, mostram vários indicadores publicados pelo Instituto Nacional de Estatística, Banco de Portugal e Governo. O primeiro semestre vai ser “fraco”, o resto do ano inspira pouca confiança e 2009 é uma incógnita, tendo em conta a forte travagem dos maiores parceiros comerciais, observam os economistas.

“Teremos um primeiro semestre fraco. No primeiro trimestre crescemos 0,9% e no segundo, tendo em conta os indicadores mais recentes, não devemos crescer mais do que isso”, diz a economista Paula Carvalho, do Banco BPI. “Junho não será um mês bom, não só pelas manifestações e feriados, mas também pela alteração da postura do BCE, que ameaça agora subir os juros”, explica.

Segundo os indicadores publicados na passada sexta-feira, relativos ao mês de Maio, a economia portuguesa está a evoluir a um ritmo homólogo de 0,4%, o mais baixo desde finais de 2003 (ano de recessão). A confiança dos consumidores está em valores mínimos, vende-se cada vez menos cimento, menos combustíveis, menos veículos comerciais ligeiros. Os indicadores que antecipam a evolução das exportações já estão no vermelho devido à quebra da procura externa dirigida às empresas nacionais. “Se a conjuntura está a piorar lá fora é garantido que o mesmo acontecerá em Portugal, por muito boa vontade que haja em minimizar a situação”, diz Henrique Medina Carreira, ex-ministro das Finanças.

O mercado de trabalho, que costuma reagir mais tarde às crises, também já vacila. João Cantiga Esteves, professor de Economia no ISEG, admite estar alarmado com o “rápido declínio do poder de compra das famílias”. “Se as pessoas consumirem menos, como se convence os empresários de que vale a pena investir e criar empregos no mercado interno?”, pergunta.

Em Portugal, o endividamento das famílias – 129% do rendimento disponível, o segundo mais alto da zona euro – está num máximo histórico. Combinado com a actual moderação salarial, está a levar cada vez mais pessoas a cortarem no consumo para conseguirem pagar as prestações bancárias.


Um final de ano difícil
A OCDE, que no início deste mês cortou quatro décimas ao crescimento português de 2008 e 2009 – para 1,6% e 1,8%, respectivamente – espera que a situação se deteriore este ano. Em 2008, diz a instituição sedeada em Paris, as exportações líquidas – o saldo entre exportações e importações – deverão roubar pontos ao crescimento, o que não acontecia desde 2005. Esta tendência já se verificou no primeiro trimestre deste ano.

Para a economista Paula Carvalho “existe o risco de a economia continuar a desacelerar no segundo semestre para níveis ainda mais fracos”. Isto porque “todos os factores negativos têm tido tendência a agravar-se: o preço do petróleo continua em máximos, as taxas de juro estão em níveis muito penalizadores para as famílias. É possível que as previsões de crescimento para este ano que apontam para valores entre 1,4% e 1,8% tenham que ser revistas em baixa.” O Governo prevê 1,5%.

Artigo daqui e imagem daqui

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